Vencedora da última edição da Tropeada, Paola Matos fala sobre festival, carreira e representação feminina na música

Vencedora da última edição da Tropeada, Paola Matos fala sobre festival, carreira e representação feminina na música

Fotos: Alice Fotógrafa e Filmmaker

Dona de uma voz potente e já conhecida da cena santa-mariense, Paola Matos soma mais uma conquista na carreira. Na última edição da Tropeada da Canção Nativa, levou para casa o 1º lugar do festival pela interpretação da valsa “Terra”, escrita por Túlio Urach. Ela também foi eleita, pelo segundo ano consecutivo, a melhor intérprete do evento.

Já são 12 anos dedicados à música. Ao Diário, em entrevista ao programa F5, Paola falou sobre a carreira, a conquista e a representatividade feminina na música.


A conquista na Tropeada

O pódio na 4ª edição da Tropeada da Canção Nativista foi especial de diversas formas. Primeiro, pela canção interpretada. Os versos emocionaram o público ao retratar, com sensibilidade, o vínculo do homem com o campo.

Defendi a música “Terra”, que é uma canção que eu amo. Tivemos a felicidade de ter a composição compreendida pelo público e pelos jurados. E é sempre muito prazeroso cantar algo com o qual a gente se identifica – conta a cantora.

Além de emocionante, a vitória teve uma cena especial. Pela primeira vez, três mulheres estiveram no pódio do festival. O terceiro lugar foi conquistado pelas irmãs Camila e Carol Lima que interpretaram a milonga "Lampejos de Alma", composição de Carlinhos Lima.  ​O segundo lugar foi masculino. 

– Em todos os meus anos de carreira, esse foi o meu primeiro primeiro lugar. Tenho muitos troféus de segundo lugar. Claro que há critérios técnicos e julgamentos dos jurados, mas seria muito ingênuo pensar que não existe uma desigualdade. Por isso, foi muito simbólico pra mim. Não é comum ver três cantoras entre as vencedoras de um evento nativista – destaca.


Um espaço desigual para as mulheres

A ligação de Paola com a música começou ainda na infância. Filha de uma família que sempre acompanhou os festivais, ela cresceu imersa na cultura nativista.

– Desde criança, lembro dessas cenas. Não me recordo de não viver essa cultura. Comecei cantando nos festivais nativistas, nas categorias infantil e juvenil. Foi a porta de entrada para tudo que eu já fiz de artístico e musical. Desde cedo, tive a oportunidade de experienciar o palco, a banda – relembra.

Apesar do amor pela música gaúcha, a cantora reconhece que o espaço ainda é desigual para as mulheres.

– Já estamos em um ponto de reflexão como sociedade em que entendemos que o machismo existe e está em todos os lugares. O que a gente precisa agora é refletir sobre como avançar e diminuir essa diferença entre homens e mulheres. Na música gaúcha, isso é muito perceptível. Estar nesse meio é algo que eu amo, mas é um ambiente que não vai te ajudar. A gente sente isso em pequenos acontecimentos – afirma.


A dedicação à música autoral 

Entre uma canção e outra, Paola se dedica à faculdade de jornalismo, a aulas de música e à empresa de cosméticos naturais. Apesar de multitarefas, é na música autoral que vê o propósito de vida:

– São anos trabalhando de diversas formas. Estou sempre buscando editais. Foi assim que, no ano passado, fui até o Piauí apresentar meu trabalho. O meu objetivo é levar esse trabalho autoral a mais lugares. É uma bolha que a gente pena muito para furar. Santa Maria tem uma cena autoral forte, mas é alternativa e independente. Na parte mais hegemônica da cidade, a gente não consegue circular. Tem muita gente fazendo coisa boa aqui, mas com pouco espaço.


Em todas as cenas

O próximo ato da cantora será no Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional (FDDR) da Assembleia Legislativa chega a Santa Maria. Ela será responsável pela abertura cultural do evento. Uma mescla de clássicos da MPB e do seu trabalho autoral, acompanhada de teclado, contrabaixo e bateria. O evento ocorre na próxima segunda-feira (8), no Centro de Tecnologia (CT), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 


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